
Em reunião realizada nesta quinta-feira (16/10) com os funcionários da Emasa, o presidente da empresa municipal, Ivan Maia, confirmou que os serviços de abastecimento de água e saneamento básico de Itabuna serão novamente concedidos à Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), que operou o sistema até 1989. A decisão marca uma mudança significativa na gestão dos serviços essenciais da cidade e abre espaço para novas negociações envolvendo trabalhadores, prefeitura e governo estadual.
O encontro ocorreu na Estação do São Lourenço, onde Maia destacou que, apesar da transferência da operação para a Embasa, os funcionários não terão prejuízos diretos imediatos. Segundo o presidente da Emasa, “é previsto o aproveitamento de boa parte da nossa mão de obra pela Embasa. Porém, com a manutenção do vínculo de emprego com a Emasa”, o que indica que alguns profissionais poderão ser demitidos.
A expectativa é que a Emasa seja transformada em uma autarquia municipal, assumindo responsabilidades como drenagem urbana, gestão de resíduos sólidos, manutenção de prédios públicos e da cidade como um todo. Além disso, o município enfrenta o desafio de alcançar a meta de 90% de tratamento de esgoto até 2033, estimada em cerca de R$ 400 milhões em investimentos, tema que Maia também abordou durante a reunião com os servidores.
Michelle Mansur, funcionária da Emasa e representante sindical, destacou a importância da participação dos trabalhadores nas negociações. “A gente não está em lados opostos. Vamos buscar o que for melhor para os trabalhadores e para a cidade”, afirmou, reforçando a necessidade de diálogo com os governos municipal e estadual e com a Embasa.
A decisão de devolver a operação à Embasa não estava entre os planos iniciais do prefeito Augusto Castro, que estudava alternativas de concessão à iniciativa privada, possivelmente via Parceria Público-Privada (PPP), modelo que poderia gerar cerca de R$ 600 milhões em receitas para o município. Entretanto, segundo fontes, o governo do estado, sob Jerônimo Rodrigues (PT), pressionou para que a Emasa, reforçada pelo programa Mais Água, fosse transferida para a estatal estadual.
Politicamente, a operação tem valor estratégico, já que a gestão da Emasa é considerada um instrumento de acomodação de aliados e de fortalecimento eleitoral no contexto municipal. A transição para a Embasa será acompanhada de perto por funcionários, sindicato e sociedade, enquanto a cidade se prepara para uma nova fase na gestão de seus serviços de água e saneamento.