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Esquema de Rifas Ilegais na Bahia Envolve Influenciadores, Empresários e Policiais; R$ 680 Milhões Movimentados

Polícia Civil aponta rede criminosa com estrutura sofisticada para lavagem de dinheiro e sorteios fraudulentos; principais alvos movimentaram valores milionários com uso de “laranjas” e empresas de fachada

14/04/2025 10h01
Por: Redação

A Operação Falsas Promessas 2, deflagrada pela Polícia Civil da Bahia na última quarta-feira (09/04), expôs um gigantesco esquema de rifas ilegais que movimentou aproximadamente R$ 680 milhões entre os anos de 2018 e 2024. Conduzida pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD), a ação resultou na prisão de 22 pessoas, incluindo nove policiais militares, influenciadores digitais e empresários.

Estrutura articulada e lavagem de dinheiro

De acordo com o relatório policial, com mais de 4 mil páginas e revelado pelo Informe Baiano, o esquema utilizava empresas de fachada, laranjas e movimentações bancárias em nome de terceiros para ocultar a origem dos valores obtidos de forma ilícita. A rede operava em diversas cidades da Bahia e também ultrapassava os limites estaduais — configurando crime federal por violar as normas de sorteios e rifas da legislação brasileira.

Entre os principais envolvidos está o empresário Josemario Aparecido Santos Lins, de 33 anos, com atuação concentrada em Juazeiro, no norte da Bahia. Ele é acusado de liderar o esquema com o uso de empresas como Prêmios do Vale, JL Empreendimentos Imobiliários e Veículos e Josemário Lins Empreendimentos LTDA. Apenas em suas contas pessoais, movimentou mais de R$ 4,4 milhões em cinco anos.

Outro nome de destaque é o de Paulo Santos da Silva Júnior, o Paulo Premiações, morador de Vera Cruz, que teria movimentado R$ 150 milhões, sendo o segundo maior montante entre os investigados. Sua empresa, registrada como locadora e vendedora de veículos, na prática era usada para rifas online de automóveis. O Draco aponta que Paulo mantinha relações financeiras com policiais militares e outros membros da organização, entre eles Adilson Prazeres Barbosa, Ivonei Santos Souza, e Jefferson Pereira da Silva.

O caso de “Jhone Rifas”: R$ 50 milhões e bens ocultos

O ex-policial militar Adilson Prazeres Barbosa, conhecido como “Jhone Rifas”, também está entre os alvos centrais da operação. Conforme o Draco, ele movimentou cerca de R$ 50 milhões entre 2018 e 2024, por meio da realização de sorteios, ocultação patrimonial e uso de laranjas — incluindo sua própria sogra, que aparece como proprietária de quatro veículos, mesmo sem possuir CNH válida.

As investigações revelam ainda que “Jhone” teria sido falsamente premiado em uma rifa no valor de R$ 20 mil, promovida por Nanan Premiações, outro dos investigados. A suposta fraude reforça a tese da manipulação de sorteios dentro do esquema. Ele também teria realizado transações financeiras com outros envolvidos, como “Nil Rifas”, Paulo Premiações e Adeilton Prazeres Barbosa (seu irmão).

Influenciadores e policiais também na lista

Outros envolvidos são o influenciador digital e policial militar Alexandre “Tchaca Tchaca”, o casal Nanan Premiações e Gabriela Silva, além dos policiais Cabo Paim, Soldado Maximiano, Soldado Alan e Fernando Ferreira dos Reis, este último da reserva e responsável por movimentar R$ 1,4 milhão em um período de apenas um ano, com salário de R$ 8,7 mil.

A Polícia aponta que o grupo utilizava as redes sociais para atrair participantes e promover sorteios aparentemente legais, mas sem qualquer autorização oficial da LOTEP ou registro no Ministério da Fazenda.

Impacto e próximos passos

Com a repercussão da operação, diversos influenciadores apagaram postagens relacionadas a rifas de seus perfis, temendo serem alvos das próximas fases da investigação. A Corregedoria da Polícia Militar da Bahia também acompanha o caso para apurar as responsabilidades administrativas dos agentes envolvidos.

A Operação Falsas Promessas 2 escancara não apenas a complexidade de um esquema milionário de rifas ilegais na Bahia, mas também os perigos da ausência de regulamentação nas promoções realizadas por influenciadores nas redes sociais. A Polícia Civil não descarta novas fases da operação e a prisão de mais envolvidos nos próximos dias.

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