
A política de Itapetinga, no centro-sul da Bahia, foi sacudida por uma denúncia grave envolvendo o ex-presidente da Câmara Municipal e atual secretário de Infraestrutura, Luciano Almeida (MDB). Ele é acusado de ter utilizado assinaturas eletrônicas de dois vereadores, que ocupam cargos na Mesa Diretora da Câmara, sem autorização, para efetuar a devolução de R$ 500 mil aos cofres da Prefeitura.
O episódio teria ocorrido horas antes de Luciano deixar o comando do Legislativo e assumir oficialmente o cargo de secretário na gestão do prefeito Eduardo Hagge (MDB). Segundo informações preliminares, a transação foi realizada de forma apressada e sem o conhecimento dos demais membros da Mesa Diretora, o que levanta suspeitas de fraude e uso indevido de documentos públicos.
De acordo com a denúncia, o então presidente da Câmara teria pressionado a tesoureira da Casa a emitir a ordem de devolução do valor, utilizando as assinaturas eletrônicas dos dois parlamentares. O caso deve agora ser alvo de investigação interna e possível apuração pelo Ministério Público.
Fontes ligadas à Câmara afirmam que o repasse do dinheiro ao Executivo pode ter sido uma “moeda de troca” para garantir a nomeação de Luciano Almeida como secretário municipal. O valor devolvido à Prefeitura chamou atenção por ter sido liberado imediatamente antes da mudança de cargo, o que levantou suspeitas de um acordo político entre Luciano e o prefeito Eduardo Hagge.
“Há um claro indício de que essa devolução foi feita para agradar o Executivo e assegurar a ascensão do ex-presidente ao novo posto”, afirmou uma fonte sob condição de anonimato.
A denúncia reacende a crise política que se instalou em Itapetinga desde o início do ano. Em janeiro, divergências entre o prefeito e parte dos vereadores do MDB abalaram a base aliada na Câmara. Hagge foi acusado de interferir diretamente na eleição da Mesa Diretora, o que teria causado rupturas com antigos aliados, como Tarugão, Valquirão, Peto, Tele e Anderson da Nova.
Mesmo tendo apoiado a candidatura de Luciano à presidência da Casa, o prefeito acabou enfrentando resistência interna e críticas de que estaria centralizando o poder.
Até o momento, Luciano Almeida não se pronunciou sobre as acusações. A reportagem tenta contato com o secretário de Infraestrutura e o prefeito Eduardo Hagge. O espaço segue aberto para manifestações e esclarecimentos de todos os citados.