
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) enfrenta um dos momentos mais críticos de sua história recente. A nova direção da estatal solicitou ao governo federal apoio para a obtenção de um empréstimo bancário de aproximadamente R$ 20 bilhões, com o objetivo de equilibrar as contas e garantir a continuidade das operações entre 2025 e 2026.
O valor solicitado é quase equivalente a todo o faturamento anual da empresa em 2024, que foi de R$ 18,9 bilhões, e busca evitar um colapso financeiro que poderia comprometer a prestação de serviços postais e logísticos em todo o país.
Segundo dados oficiais, os Correios registraram um prejuízo de R$ 7 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025, reflexo de uma combinação de fatores: queda no volume de postagens, crescimento da concorrência privada no setor de entregas e custos operacionais elevados. Além disso, o balanço contábil da estatal revela um patrimônio líquido negativo de R$ 8,7 bilhões, indicando que as dívidas superam os ativos disponíveis.
De acordo com fontes ligadas à empresa, as negociações para o financiamento estão em andamento e são conduzidas diretamente pelo Tesouro Nacional, em articulação com o Ministério das Comunicações. A operação deve envolver um sindicato de bancos, composto por instituições públicas e privadas — entre elas o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
O plano da atual gestão é utilizar o montante para cobrir déficits imediatos, viabilizar a folha de pagamento, manter contratos operacionais essenciais e iniciar um processo de reestruturação administrativa e tecnológica, considerado vital para a sobrevivência da estatal.
A crise dos Correios não é recente, mas se agravou nos últimos anos diante das mudanças no comportamento do consumidor e da digitalização dos serviços de comunicação. Com a redução do envio de cartas, boletos e documentos físicos, o foco da empresa passou a ser o setor de entregas — onde enfrenta forte concorrência de gigantes privadas, como transportadoras e plataformas de e-commerce.
Além disso, a estatal enfrenta dificuldades logísticas, com infraestrutura envelhecida, déficit de investimentos em tecnologia e problemas de gestão acumulados. Tais fatores resultaram em uma queda de eficiência e aumento dos custos, o que contribuiu para o cenário atual de desequilíbrio financeiro.
O pedido de empréstimo é visto internamente como uma medida emergencial para evitar a interrupção de serviços em diversas regiões do país, especialmente nas localidades mais afastadas, onde os Correios ainda são o único meio de comunicação e entrega disponível.
Sem o aporte, o risco de colapso operacional preocupa o governo e os milhões de brasileiros que dependem da estatal para receber correspondências, documentos, mercadorias e encomendas.
Enquanto o governo avalia o pedido, a situação dos Correios acende um alerta sobre a necessidade de modernização das estatais brasileiras e o desafio de mantê-las sustentáveis em um cenário cada vez mais competitivo e digital.