
A cidade de Ilhéus parece viver dois mundos completamente diferentes. De um lado, moradores que enfrentam o medo, o abandono e a violência crescente. Do outro, um prefeito que age como se tudo estivesse perfeito, investindo pesado em festas e marketing.
Sob o comando de Valderico Júnior (UB), a Prefeitura anunciou com pompa e circunstância um Réveillon de três dias, que promete ser “o maior da história da cidade”. As comemorações estão marcadas para os dias 29, 30 e 31 de dezembro de 2025, com atrações de peso como Pablo, Manu Batidão, Alok, Belo e Thiago Aquino, além de outras cinco bandas por noite.
O anúncio, no entanto, gerou revolta entre a população. Enquanto o governo se prepara para gastar milhões com estrutura, fogos e som, a cidade afunda em buracos, lixo acumulado e uma onda de violência que não dá trégua. Em vários bairros, o clima é de medo e indignação.
“É um absurdo! A gente não tem segurança, vive desviando de buraco e lixo, e o prefeito quer fazer festa?”, reclamou uma moradora do bairro Teotônio Vilela.
Nos últimos meses, Ilhéus tem sido palco de tiroteios frequentes, assaltos violentos e assassinatos que escancaram a falta de controle da gestão pública. A sensação de insegurança se espalha até pelas praias e áreas turísticas, antes cheias de visitantes, agora marcadas pelo medo e abandono.
A estrutura urbana da cidade está em colapso. Ruas esburacadas, praças abandonadas, iluminação precária e falhas constantes na coleta de lixo transformaram Ilhéus em um retrato do descaso. Mesmo assim, nas redes sociais, o prefeito Valderico Júnior mantém uma rotina de postagens otimistas, tentando vender a imagem de uma cidade organizada e próspera, o que os moradores chamam de “maquiagem digital”.
“Querem esconder a sujeira com show de luz e som. Mas a realidade é que Ilhéus está largada, sem segurança e sem gestão”, desabafou um comerciante do centro.
Enquanto a população clama por saúde, educação e segurança, o prefeito promete fogos, megaestrutura com dois palcos e atrações nacionais. Um réveillon luxuoso em meio ao caos.
Para muitos, a festa será, sim, “o maior réveillon da história” — mas não pelo brilho dos artistas, e sim pelo contraste gritante entre o glamour do palco e a tragédia das ruas.