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Nova gestão encontra Ilhéus em colapso e dívida de R$ 929 milhões

Nova gestão denuncia abandono e improviso na administração pública; situação exige medidas emergenciais

Por: Redação
09/05/2025 às 08h54
Nova gestão encontra Ilhéus em colapso e dívida de R$ 929 milhões

A cidade de Ilhéus vive um dos momentos mais críticos de sua história recente. A nova administração municipal, que assumiu a Prefeitura em 1º de janeiro de 2025, apresentou nesta quinta-feira (08) um relatório estarrecedor sobre a situação herdada da gestão anterior. Em coletiva de imprensa, realizada na sede do Executivo, o secretário de Gestão, Cristiano Carvalho, revelou um cenário de colapso estrutural, administrativo e financeiro, com uma dívida acumulada de R$ 929 milhões.

De acordo com Carvalho, o processo de transição foi marcado pela ausência de informações básicas. Dos 45 documentos exigidos por instrução normativa, apenas quatro foram entregues pela gestão anterior. A equipe atual precisou recorrer a diligências, entrevistas e visitas presenciais para levantar dados e iniciar o diagnóstico da situação.

A dívida revelada inclui débitos fiscais, previdenciários, precatórios e despesas não processadas, muitas das quais continuam surgindo. Além disso, já foram pagos R$ 8,3 milhões em despesas herdadas e não registradas como restos a pagar. O município enfrenta também bloqueios judiciais que somam R$ 42,4 milhões, afetando severamente o orçamento atual. “É um cenário extremamente crítico, que compromete o planejamento da nova gestão”, afirmou o secretário.

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A crise se estende para áreas essenciais, como educação e saúde. A secretária de Educação, Evani Cavalcante, classificou a situação das escolas municipais como "um colapso técnico". Algumas unidades funcionam de forma improvisada, com telhados desabando, cozinhas sem estrutura, ausência de mobiliário há mais de oito anos e graves problemas elétricos, hidráulicos e de acessibilidade. A transição ocorreu sem contratos vigentes para serviços básicos, como alimentação, dedetização e fornecimento de água. “Não havia sequer licitação para gráfica ou material de limpeza. Apenas transporte escolar estava contratado”, lamentou Evani.

Na Saúde, a secretária Sonilda Mello descreveu uma realidade ainda mais grave. Apenas duas das 52 unidades de saúde possuem condições mínimas de funcionamento. A maioria opera sem insumos básicos como álcool, gaze e esparadrapo. Além disso, 14 veículos estão abandonados em oficinas e o SAMU operava com apenas duas ambulâncias irregulares. A dívida da saúde ultrapassa R$ 38 milhões, incluindo salários atrasados e pendências com clínicas conveniadas.

Apesar do caos, os secretários reforçaram o compromisso da nova gestão com a transparência e o trabalho sério. “Estamos trocando o pneu com o carro em movimento. Mas a população não pode esperar”, disse Sonilda. Evani complementou: “A educação será construída nas salas de aula, e não em propagandas de rede social.”

Cristiano Carvalho concluiu afirmando que a reconstrução de Ilhéus exigirá tempo, união e decisões difíceis. “Mas não vai faltar trabalho nem responsabilidade”, garantiu.

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