Em meio a um cenário de instabilidade econômica global e discussões sobre responsabilidade fiscal, a cidade de Itagibá, no interior da Bahia, surpreende ao anunciar uma das maiores e mais caras edições do São João de 2025. Com o tema “Nossa Cultura, Nossa Paixão”, o evento está marcado para acontecer entre os dias 21 e 24 de junho e contará com atrações nacionais de peso, como Xand Avião, Natanzinho Lima, Banda Lordão, Henry Freitas, Targino Gondim, Waldonys, Edu & Maraial, Amanda Rocha, Forró do Tico e Rasta Chinela.
O lançamento oficial da festa aconteceu no último dia 11 de abril, na Praça da Prefeitura, com apresentações da Banda Lordão e da quadrilha Paixão Junina, antecipando a grandiosidade do evento. A programação também contempla a tradicional Vila Cultural, nos dias 6, 7, 13 e 14 de junho, que este ano homenageará o artista local Joseilton Andrade (Caliba), e o Forró do Colégio Estadual Dulce Almeida (CEDA), que ocorrerá em 30 e 31 de maio.
A previsão orçamentária para o município em 2025 é de R$ 152,4 milhões, dos quais R$ 115,2 milhões são destinados ao orçamento fiscal e R$ 37,1 milhões à seguridade social. Segundo dados do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) do 6º bimestre de 2024, foram empenhados R$ 532,2 mil com atividades da função Cultura, especificamente para difusão cultural. No entanto, especialistas apontam que esse valor não representa o total gasto com o São João, pois não há detalhamento específico para os festejos juninos.
Ainda segundo dados do Painel de Transparência do Ministério Público, os gastos totais com atividades culturais podem ultrapassar R$ 2,8 milhões, valor que engloba subfunções orçamentárias agrupadas pela prefeitura, prática criticada por misturar áreas como Cultura e Educação — algo similar ao que era feito no município vizinho, Ipiaú, até 2022.
Outro ponto polêmico é a disparidade nos cachês pagos aos artistas: segundo registros locais, músicos de Itagibá chegam a receber até 70 vezes menos que atrações de fora. A prática levanta questionamentos sobre a política de valorização da cultura local e os critérios de distribuição de recursos públicos em tempos de contenção fiscal.
Diante disso, moradores e representantes culturais da cidade cobram maior transparência e equilíbrio no investimento, questionando: qual é a justificativa para tamanha diferença de tratamento entre artistas locais e nacionais?
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